Há uma célebre frase de Henry Ford que diz “Não importa se você acredita ou não que pode fazer algo… você está certo”.

Para mim esta frase representa muito bem o que nós médicos chamamos de EFEITO PLACEBO. E todo mundo já ouviu, pelo menos uma vez na vida, falar nisso. Esse efeito é a melhora ou a cura de uma doença, quando se usa uma terapia de “mentirinha”. Sim, porque o efeito placebo que todo mundo já ouviu falar é aquele em que a pessoa toma uma bolinha de açúcar, sem “agentes farmacêuticos”, e melhora dos seus sintomas.
Mas você sabia que o efeito placebo pode ser obtido com outras terapias? Em um artigo de uma importante revista médica, The New England Jornal of Medicine, publicado em 2002, o médico Bruce Moseley queria testar duas diferentes formas de tratar a osteoartrite de joelhos através de artroscopia, que é um tipo de cirurgia. Para ver qual destas duas formas era melhor ele dividiu seus pacientes em três grupos. Todos os pacientes foram levados ao Centro Cirúrgico, anestesiados, foram feitas as incisões cirúrgicas no joelho e então um grupo foi submetido a um debridamento, ou seja, uma “raspagem” dentro do joelho, outro grupo passou por uma “lavagem” dentro do joelho, e um terceiro grupo que passou por um procedimento de mentirinha, ou seja, não foi feita nenhuma abordagem, apenas foram “costuradas” as incisões.
Com este estudo o dr Moseley conseguiria saber qual era a parte da artroscopia que mais traria melhora aos pacientes. Nem os pacientes, nem as pessoas que os avaliaram após a cirurgia, sabiam em qual dos três grupos aquele paciente tinha entrado (a isto se dá o nome de estudo duplo-cego). E você sabe qual foi o resultado? Os três grupos tiveram exatamente o MESMO resultado. Ou seja, os pacientes que passaram pelo procedimento de mentirinha tiveram a mesma melhora que os dois outros grupos de pacientes. Melhora essa atribuída única e exclusivamente ao efeito placebo. Se quiser pode ler o artigo na íntegra no site do NEJM O efeito placebo já é um velho conhecido nosso. Mas e o EFEITO NOCEBO? Parece um palavrão não é? E pode acreditar que muitos médicos nunca ouviram falar nesse palavrão (eu mesma só vim a conhecê-lo há bem pouco tempo). O efeito nocebo é exatamente o contrário do efeito placebo: por sugestões negativas da mente, ocorrem reações prejudiciais, desagradáveis ou indesejadas como resultado de um determinado tratamento.
Sabe quando alguém vai ao médico e ele fala: “Senhor, o senhor tem apenas três meses de vida!”. E dali a três meses o sujeito morre? Ai tem um tanto (que a gente não pode medir, é claro) de efeito Nocebo. Afinal, se nem o médico acredita no tratamento, como é que o paciente vai acreditar?
Olha você pode ter certeza que este é um assunto muito polêmico. E eu não estou falando que tudo na medicina é placebo ou Nocebo. Longe de mim falar isso! Tenho uma formação médica que me faz acreditar muito no efeito dos remédios alopáticos (Olha ai o efeito placebo, gente!)
Brincadeiras a parte, o que eu queria que ficasse bem claro é que os remédios, cirurgias, quimioterapia, fisioterapia são armas muito importante no tratamento das doenças. Mas a principal arma que temos contra as doenças é o otimismo! O pensamento positivo e a confiança de que aquele tratamento vai te ajudar!
Aos colegas médicos faço o apelo de que sejam gentis com os pacientes e nunca tirem as suas esperanças. Muito do sucesso do tratamento depende do nosso estímulo ao paciente, e da nossa própria crença nos resultados.
Aos pacientes, sempre digo isso aos meus, uma boa parcela do sucesso do seu tratamento está na sua cabeça. Há momentos difíceis, em que tudo parece perdido, e o desânimo vem com força total. Nesses momentos te dou uma dica: respire fundo, converse com pessoas alegres, ouça uma música bonita, tenha algum tipo de fé!
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